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Estudo aponta que o cérebro sofre mais com o álcool a partir de oito doses por semana

Estudo aponta que o cérebro sofre mais com o álcool a partir de oito doses por semana

Data de Publicação: 12 de abril de 2025 23:33:00 Pesquisa mostra que o consumo excessivo de álcool, acima de oito doses semanais, pode aumentar a vulnerabilidade do cérebro a lesões, incluindo aquelas relacionadas à Doença de Alzheimer

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Pesquisa mostra que o consumo excessivo de álcool, acima de oito doses semanais, pode aumentar a vulnerabilidade do cérebro a lesões, incluindo aquelas relacionadas à Doença de Alzheimer

O consumo exagerado pode desencadear problemas de saúde      -  (crédito: Reprodução/ Freepik )

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O consumo exagerado pode desencadear problemas de saúde - (crédito: Reprodução/ Freepik )

Pesquisadores da Universidade de São Paulo publicaram nesta quarta-feira na Neurology, periódico da Academia Americana de Neurologia, um estudo apontando que o cérebro fica mais suscetível a lesões cerebrais com o consumo de mais de oito doses de álcool por semana. Foram estudados 1781 indivíduos com média de idade de 75 anos e que foram submetidos a necropsia após morte de causa não traumática. O consumo de álcool nos últimos três meses de vida foi caracterizado através de questionário com familiares e separado em quatro grupos: abstêmios, consumo moderado (até sete doses por semana), consumo alto (oito ou mais doses por semana), consumo anterior alto (com pelo menos três meses de abstenção antes da morte).

Os resultados mostraram que indivíduos com história de alto consumo, oito ou mais doses por semana, apresentam maior contingente de placas neurofibrilares, consideradas biomarcadores da Doença de Alzheimer. Por outro lado, mesmo aqueles que tinham consumo moderado (até sete doses por semana), apresentavam mais lesões vasculares quando comparados aos abstêmios. Aqui estamos nos referindo a lesões secundárias ao espessamento e enrijecimento das pequenas artérias cerebrais (arterioloesclerose hialina). Uma dose de álcool correspondia a 14 g de álcool, 350ml de cerveja, 150 ml de vinho ou 45 ml de bebida destilada.

Temos acompanhado nos últimos anos uma série de estudos que demonstra que o consumo moderado de álcool reduz o risco de doenças cardiovasculares, incluindo o infarto do coração e o derrame cerebral. Além disso, é reconhecido que a relação entre álcool e doenças cardiovasculares tem um comportamento estatístico conhecido como curva J. Quanto mais alta a posição na curva J, maior o risco. Isso significa que a ausência de consumo de álcool, que está na ponta inferior do J, está associada a um risco maior de doenças cardiovasculares do que o consumo moderado que se encontra na “barriga” do J. Por outro lado, o consumo exagerado de álcool, que se encontra na ponta superior do J, reflete um maior risco de doenças cardiovasculares.

 

Estudos apontam que o consumo moderado de álcool reduz o risco de doenças cardiovasculares
Estudos apontam que o consumo moderado de álcool reduz o risco de doenças cardiovasculares(foto: Reprodução/ Freepik )


Alguns estudos epidemiológicos têm demonstrado que o álcool também tem um comportamento semelhante à curva J quando o assunto é declínio das capacidades cognitivas com o envelhecimento, sendo que o consumo moderado está associado a um menor risco de demência, e o consumo excessivo a um maior risco (ponta superior do J). Outras pesquisas não conseguem mostrar vantagem no baixo consumo sobre a abstenção.

Os resultados da presente pesquisa estão em linha com a corrente de pensamento de que o álcool em doses moderadas não protege o cérebro do ponto de vista neuropatológico e nem mesmo clínico. Um estudo de 2022 publicado pela Nature Communications, aponta que o consumo moderado de álcool está associado à redução do volume cerebral ao longo dos anos, fato que pode ter repercussão no desempenho cognitivo. Entretanto, existem também evidências de efeitos benéficos desse uso moderado (curva J) e atualmente essa discrepância de resultados é explicada por fatores confundidores presentes entre aqueles que consomem pouco álcool, como estilo de vida mais saudável, maior socialização e poder socioeconômico.

 

*Ricardo Afonso Teixeira é Doutor em Neurologia pela Unicamp e neurologista do Instituto do Cérebro de Brasília

 

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