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Horta do Creas de Ceilândia abre perspectivas para pessoas que buscam deixar as ruas

Horta do Creas de Ceilândia abre perspectivas para pessoas que buscam deixar as ruas

Data de Publicação: 18 de julho de 2024 07:40:00 A instituição dá apoio a quem precisa de acessar direitos que ajudem a recomeçar a vida de forma segura e humanizada Por Ana Paula Siqueira, da Agência Brasília | Edição: Vinicius Nader

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Horta do Creas de Ceilândia abre perspectivas para pessoas que buscam deixar as ruas

A instituição dá apoio a quem precisa de acessar direitos que ajudem a recomeçar a vida de forma segura e humanizada

Por Ana Paula Siqueira, da Agência Brasília | Edição: Vinicius Nader

 

Plantar e colher literalmente os frutos do próprio trabalho. É essa a sensação de quem participa do projeto de horta terapêutica desenvolvido no Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) de Ceilândia. A proposta é fortalecer os vínculos sociais e comunitários de pessoas em situação de rua, criando autonomia, pertencimento e autoestima para elas.

Para Rômulo Santana Gonçalves, 50 anos, ver as plantas que ele ajudou a cultivar crescendo traz um sentimento de satisfação. “Acaba que não é por causa dos benefícios, mas a gente vai criando gosto”, conta. Ele participa do projeto da Secretaria de Desenvolvimento Social do Distrito Federal (Sedes) há cerca de três meses e tenta ir todas as semanas, além de estar presente nas reuniões mensais.

Rômulo Gonçalves se sente abraçado na horta terapêutica e planeja participar do RenovaDF | Fotos: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília

Rômulo já trabalhou como mecânico e, na época da pandemia de covid-19, a situação foi ficando cada vez mais difícil até que ele se viu em situação de rua. Mas, ele tem tentado se erguer e planeja em breve participar do RenovaDF, maior programa de capacitação profissional do país, realizado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Renda do Distrito Federal (Sedet).

“A gente recebe orientação e apoio e estamos sendo bem abraçados pelo pessoal”, afirma Rômulo, que não para de ter ideias para ampliar a horta e propôs o plantio de melancias no local.

Já Edilene Araújo, de 48 anos, mora em Ceilândia e saiu da situação de rua há alguns meses. Na horta, ela aprendeu a plantar e a cuidar das hortaliças e ervas, o que tem a ajudado a superar questões de saúde mental com as quais ela convive há alguns anos.

Edilene Araújo: “Meu mundo passou a ser mais colorido porque aqui é tudo colorido”

“Esse trabalho está sendo muito bom para mim. Estava com depressão muito forte, não recebia nenhum benefício. Agora, estou fazendo a horta e estou amando. Já consegui até diminuir a medicação”, relata.

Com o Benefício Excepcional, que ela passou a receber após orientação no Creas, Edilene conseguiu alugar um lugar para morar e tem alcançado progressos um dia após o outro. “Meu mundo passou a ser mais colorido porque aqui é tudo colorido”, disse.

Responsável pelo projeto, o especialista em desenvolvimento e assistência social, Roberto Lopes Homrich, afirma que o resultado do trabalho é muito gratificante. Cerca de 10 pessoas participam do cultivo todas as quartas-feiras, a partir das 9h. Além de pessoas que buscam deixar a situação de rua, participam do projeto reeducandos da Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso (Funap).

Roberto Homrich se orgulha do projeto com pessoas em vulnerabilidade: “Só de serem tratados com humanidade, serem ouvidos, já demonstram muita satisfação”

“Eles têm a vida já tão embrutecida nas ruas. Então, é muito gratificante vê-los assim, com mais autonomia e com a autoestima crescendo. A gente faz o encaminhamento para que eles recebam os auxílios a que têm direito, mas vemos que eles também têm interesse (na horta). Só de serem tratados com humanidade, serem ouvidos, já demonstram muita satisfação”, afirma o especialista.

O cultivo é variado – de alecrim e lavanda a frutas, como limão e mamão, passando por cana-de-açúcar e hortaliças. O plantio é realizado com apoio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do DF (Emater-DF), que cede sementes, mudas e os insumos necessários. A colheita é compartilhada com todos.

“Tudo isso é muito importante porque eles criam vínculos e trabalhamos questões como cidadania e autocuidado. No fundo, o que eles realmente querem é trabalhar”, conclui o especialista.

 

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