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Inflação menor vai obrigar governo a cortar R$ 4,4 bi em despesas

Inflação menor vai obrigar governo a cortar R$ 4,4 bi em despesas

Data de Publicação: 12 de janeiro de 2024 09:01:00 cifra é menor do que a estimativa de alta de 4,85% usada como referência pela equipe econômica no PLOA (Projeto de Lei Orçamentária Anual)

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NATHALIA GARCIA

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

Para cumprir as regras do novo arcabouço fiscal, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) precisará cortar R$ 4,4 bilhões nas despesas previstas no Orçamento de 2024 depois de a inflação do ano passado ter terminado mais baixa do que a projeção inicial.

O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) fechou 2023 com alta acumulada de 4,62%, apontou nesta quinta-feira (11) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A cifra é menor do que a estimativa de alta de 4,85% usada como referência pela equipe econômica no PLOA (Projeto de Lei Orçamentária Anual) de 2024.

A notícia é positiva para o bolso dos consumidores, mas significa maior aperto nas contas públicas para o governo Lula.
Segundo o Ministério do Planejamento e Orçamento, a inflação acumulada em 2023 permitirá um aumento de R$ 28 bilhões no limite de despesas do Orçamento, resultado mais baixo do que o estimado no projeto de Orçamento -que aguarda sanção do presidente Lula depois de ter sido aprovado pelo Congresso Nacional.

O limite de gastos previsto no arcabouço fiscal é corrigido pela inflação acumulada em 12 meses até junho do ano anterior -que atingiu 3,16% no período- mais um ganho real vinculado à alta da arrecadação.

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O arcabouço também prevê um limite de despesas maior caso a inflação fechada ao fim do ano seja superior ao IPCA observado até metade do exercício.

O PLOA foi enviado ao Congresso Nacional pelo governo no ano passado com R$ 32,4 bilhões em despesas condicionadas -sendo R$ 21,2 bilhões em despesas obrigatórias e R$ 11,2 bilhões em despesas discricionárias (que incluem custeio e investimentos) do Executivo.

O valor total é resultado da diferença entre a inflação de 3,16% acumulada até junho e a variação de 4,85% esperada pela equipe econômica até dezembro de 2023.

Como a inflação de 2023 foi mais baixa do que a estimativa inicial, será aberto um crédito suplementar com valor inferior, de R$ 28 bilhões.

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A diferença impõe uma restrição adicional aos planos do governo Lula, que chegou a esperar um espaço extra de até R$ 40 bilhões ao projetar uma inflação acima de 5,5% -o que já havia sido frustrado antes mesmo do envio do Orçamento.

O corte de R$ 4,4 bilhões também representa um desafio extra ao Executivo em um contexto de pressões políticas por espaço orçamentário e um cenário fiscal apertado. A retomada da aplicação mínima de recursos em Saúde e Educação engessa a maior parcela das despesas destinadas a essas áreas.

Em entrevista à Folha em abril, o ministro Fernando Haddad (Fazenda) afirmou que o governo iria discutir normas para o crescimento de despesas obrigatórias e vinculações orçamentárias -despesas que são atreladas a um piso ou também ao crescimento das receitas.

Além disso, economistas da iniciativa privada têm alertado para a subestimação dos gastos do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).

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Segundo membros da equipe econômica ouvidos pela Folha, ainda não há uma definição sobre quais áreas serão afetadas por esse corte de despesas no Orçamento.

A decisão pode ser tomada pela JEO (Junta de Execução Orçamentária) nas avaliações bimestrais das receitas e despesas primárias ou antes disso, nas reuniões mensais do órgão.

Formado pelos ministros Rui Costa (Casa Civil), Fernando Haddad (Fazenda), Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) e Esther Dweck (Gestão e Inovação de Serviços Públicos), o colegiado centraliza as discussões sobre a distribuição de recursos no Orçamento.

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O problema se soma ao impasse em torno do tamanho do eventual contingenciamento de recursos para cumprir a meta de déficit zero traçada por Haddad para este ano.

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