Mais de 1,5 mil animais silvestres já foram resgatados em estradas do DF
Data de Publicação: 31 de maio de 2024 13:26:00 Saiba como agir em caso de acidente ou avistamento nas rodovias. Parar de forma segura, sinalizar o local, não se aproximar do animal e acionar o Batalhão da Polícia Ambiental estão entre as principais ações para ajudar Por Victor Fuzeira e Jak Spies, da Agência Brasília | Edição: Débora Cronemberger
Por Victor Fuzeira e Jak Spies, da Agência Brasília | Edição: Débora Cronemberger
Com o ponto facultativo de Corpus Christi, muitos brasilienses se preparam para pegar a estrada em busca de destinos próximos. No entanto, o aumento do tráfego nas rodovias durante os dias de folga eleva o risco para a fauna silvestre, frequentemente avistada às margens das estradas. Só nos cinco primeiros meses de 2024, 1.501 resgates foram realizados pelo Batalhão de Polícia Militar Ambiental (BPMA) em vias que cruzam o DF.
O número já supera todo o ano de 2023, quando 1.478 animais silvestres foram resgatados pelo BPMA – 328 deles estavam feridos. Desse total de feridos, 26 morreram e houve apenas um atropelamento. Apesar do aumento registrado em 2024, houve uma queda no número de mortes – apenas oito entre janeiro e maio.
Entre as espécies registradas nas ocorrências estão 75 pássaros baianos, 191 saruês e 48 jiboias. O tenente Gutierre Morais, da divisão de logística do BPMA, destaca que a conscientização dos motoristas sobre a presença de fauna silvestre nas rodovias é essencial para reduzir os acidentes envolvendo esses animais. Além de preservar a vida selvagem, estas ações ajudam a manter a segurança nas estradas, evitando acidentes mais graves.
É preciso estar atento para evitar acidentes e proteger os animais. O militar explica que, ao ser acionada pelo 190, a polícia recolhe os dados e os repassa para o batalhão ambiental por meio do Centro de Operações da Polícia Militar (Copom). Em seguida, os agentes do BPMA entram em contato com a pessoa que fez a denúncia em busca de mais informações, para ter certeza que o transporte será de um animal silvestre e não oferecerá risco de contaminação por cruzamento.
“É necessária essa triagem porque às vezes não se trata de um animal silvestre ou o animal não está mais no local e é feito um deslocamento sem necessidade – o que influencia no número limitado de equipes e viaturas de transportes que temos atuando”, observa o tenente.
O que fazer
- Unidades de conservação terão R$ 4 milhões para obras e equipamentos
- Hospital de fauna silvestre atende 142 animais em dois meses
- Acordo estabelece gestão compartilhada do Centro de Triagem de Animais Silvestres do Ibama
Caso aviste animais silvestres correndo risco de atropelamento, é crucial seguir os seguintes passos para evitar acidentes e salvar vidas:
→ Parar em local seguro: nunca pare o veículo no meio da estrada, procure um local seguro para estacionar;
→ Sinalizar o local: use triângulos, cones ou outros sinalizadores de trânsito para alertar os demais motoristas;
→ Não se aproxime do animal: animais feridos podem reagir de forma agressiva. Observe o animal de longe e repasse as informações aos socorristas;
→ Acione o batalhão: ligue no 190 para que a ocorrência seja gerada e o BPMA seja designado ao local. É importante informar a localização e a condição do animal, além dos dados pessoais como o telefone para que os policiais consigam mais detalhes em tempo real e se equipem de acordo com a necessidade do resgate;
→ Aguarde as instruções: siga as orientações dadas pelos militares até a chegada da equipe de resgate.
Preservação da fauna
Em um dos casos mais recentes, o BPMA resgatou um lobo-guará, uma das espécies mais emblemáticas do Cerrado. O animal estava em situação de risco e foi encaminhado para o Hospital e Centro de Reabilitação de Fauna Silvestre (HFAUS), onde recebeu os cuidados necessários. A unidade é a referência do Distrito Federal no tratamento de animais silvestres.
O biólogo supervisor da unidade, Thiago Marques, ressalta os fatores que prejudicam a biodiversidade caso as pessoas tentem contato ou mesmo retirem os animais silvestres da natureza. “Você estaria retirando um possível reprodutor para manter a espécie viável, diminuindo a variabilidade genética e causando um dano irreversível”, afirma.
Ele reforça também a questão das zoonoses, que podem ser transmitidas entre animais silvestres e domésticos, caso entrem em contato, e até mesmo entre humanos e animais. “A herpes, por exemplo, é uma doença controlável em humanos, mas para os primatas é letal. Zoonoses como sarna, cinomose, parvovirose e até raiva podem ser transmitidas também, então a melhor alternativa é sempre evitar o contato e procurar as autoridades responsáveis”, frisa o especialista.
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