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Cuidador de idoso, uma profissão que requer dedicação e amor ao que faz

Cuidador de idoso, uma profissão que requer dedicação e amor ao que faz

Data de Publicação: 23 de setembro de 2024 06:15:00

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INÍCIOCIDADES DF

Há 40 anos, a Casa do Vovô, em Vicente Pires, oferece aos idosos cuidados que, muitas vezes, eles não têm em casa -  (crédito: José Albuquerque)

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Há 40 anos, a Casa do Vovô, em Vicente Pires, oferece aos idosos cuidados que, muitas vezes, eles não têm em casa - (crédito: José Albuquerque)

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE, o país tem hoje 22.169.101 habitantes acima dos 65 anos, cerca de 10,9% da população. Um problema que muitas dessas pessoas enfrentam é a falta de cuidados adequados para uma melhor qualidade de vida. Os cuidadores de idosos trabalham para fornecer a atenção necessária para quem precisa de apoio médico e social, tanto em casas de repouso como em domicílios. 

 

Karoline Rodrigues Araújo, 38 anos, e Francisca Eurilane, 51, trabalham como cuidadoras na Casa do Vovô, lar para a terceira idade em Vicente Pires. Karoline explica que os espaços para idosos são importantes por oferecer cuidados que, muitas vezes, eles não conseguem ter em casa.

A cuidadora justifica que muitas pessoas que chegam ao local possuem graus de demência avançados ou dificuldades motoras e físicas, e necessitam de maior atenção. Ela aponta que os cuidadores trabalham com até oito idosos, mas podem ter menos pacientes, caso eles tenham níveis de dependência maiores.

 

  

 

"A gente tem fisioterapia, fonoaudiólogo, psicóloga, terapia ocupacional, serviços de enfermagem e médico. As pessoas acreditam que é um lugar que você só deixa (os idosos), ou que é um abandono, mas é um local onde a estrutura é maior do que a família poderia proporcionar. A maioria dos casos, quando a família decide trazer para cá, é porque realmente eles não conseguem mais cuidar em casa", salienta a profissional.

Karoline também frisa que a Casa do Vovô não é um asilo, e sim uma casa de repouso. Isso se deve ao fato de o local ser um lar com foco maior na saúde mental e física com equipes especializadas nesse trabalho, proporcionando um ambiente mais acolhedor para os velhinhos. A cuidadora acredita que ainda existe um tabu sobre a palavra "asilo" e que muitos esperam cenas de solidão e abandono quando chegam, mas que esse não é o cenário encontrado.

Francisca concorda com a colega de profissão e compartilha que uma das maiores dificuldades de seu emprego é ver os moradores deprimidos quando chegam aos cuidados da casa de repouso por acreditarem que estão sendo abandonados. Para combater essa situação, ela acredita que os cuidadores precisam ser carinhosos e oferecer para essas pessoas o máximo de amor que puderem receber em seus últimos anos.

"Está faltando as pessoas perceberem que é o finalzinho (da vida) deles. Muitos não têm condição de estar aqui na instituição, então temos que incluí-los em mais coisas. A população precisa ter um reconhecimento de que eles precisam nesta etapa receber mais atenção, mais prioridade e mais paciência", lamenta a cuidadora. 

Altruísmo

A vontade de ajudar os membros da terceira idade em sua comunidade fez com que Andréa Maia trocasse de profissão aos 46 anos e hoje faz atendimentos domiciliares para 15 idosos. Hoje, com 51, ela se emociona ao falar sobre seu trabalho. "É importante que as pessoas tenham mais empatia e que se lembrem que a velhice chega para todos. Isso é primordial. Também que as autoridades entendam que as necessidades deles aumentam na medida que eles vão envelhecendo e, com isso, precisam de mais atenção na área da saúde, do transporte e do lazer", diz. 

Ela considera que a profissão exige muita responsabilidade. Algumas de suas obrigações envolvem dar alimentação e medicações nos horários de forma correta para não causar broncoaspiração, cuidados na higiene, principalmente nos banhos, atenção para não haver quedas e mudanças de decúbito para não ocasionar lesão por pressão em pacientes acamados.

Vulnerabilidade

O geriatra Jamerson de Carvalho alerta para a necessidade elevada de cuidados com essas pessoas, que ele descreve como vulneráveis. Para isso, ele diz acreditar que o mais recomendável é morar com a própria família, desde que o ambiente seja saudável, mas ele entende que, em muitos casos, a necessidade de atenção é maior — e aí entra o trabalho dos cuidadores.

"O idoso precisa de suporte, sono, dieta adequada, atividade física regular e redução do estresse. Então eles precisam, em primeiro lugar, de uma rede de apoio bem organizada, bem constituída. Em segundo lugar, um estímulo à atividade física, especialmente atividade do tipo resistida, de força. Também uma boa vida familiar, condições dignas de moradia e acesso a serviços públicos", indica o especialista.

Profissionalização

A profissão de cuidador não possui regulamentação legal, de acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Essa atividade pode ser exercida por meio de empresas ou em âmbito residencial, quando será considerado um trabalhador doméstico. Apesar disso, a Secretaria de Saúde do DF (SES/DF) oferece, por meio da Escola de Saúde Pública, cursos de capacitação para que esses profissionais tenham o nível necessário para o trabalho exigido. A carga horária total é de 120h, na modalidade híbrida. Após a finalização do curso, é emitido certificado. 

* Estagiários sob supervisão de Patrick Selvatti

 

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