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Há 40 anos, a Casa do Vovô, em Vicente Pires, oferece aos idosos cuidados que, muitas vezes, eles não têm em casa - (crédito: José Albuquerque)
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE, o país tem hoje 22.169.101 habitantes acima dos 65 anos, cerca de 10,9% da população. Um problema que muitas dessas pessoas enfrentam é a falta de cuidados adequados para uma melhor qualidade de vida. Os cuidadores de idosos trabalham para fornecer a atenção necessária para quem precisa de apoio médico e social, tanto em casas de repouso como em domicílios.
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Karoline Rodrigues Araújo, 38 anos, e Francisca Eurilane, 51, trabalham como cuidadoras na Casa do Vovô, lar para a terceira idade em Vicente Pires. Karoline explica que os espaços para idosos são importantes por oferecer cuidados que, muitas vezes, eles não conseguem ter em casa.
A cuidadora justifica que muitas pessoas que chegam ao local possuem graus de demência avançados ou dificuldades motoras e físicas, e necessitam de maior atenção. Ela aponta que os cuidadores trabalham com até oito idosos, mas podem ter menos pacientes, caso eles tenham níveis de dependência maiores.
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"A gente tem fisioterapia, fonoaudiólogo, psicóloga, terapia ocupacional, serviços de enfermagem e médico. As pessoas acreditam que é um lugar que você só deixa (os idosos), ou que é um abandono, mas é um local onde a estrutura é maior do que a família poderia proporcionar. A maioria dos casos, quando a família decide trazer para cá, é porque realmente eles não conseguem mais cuidar em casa", salienta a profissional.
Karoline também frisa que a Casa do Vovô não é um asilo, e sim uma casa de repouso. Isso se deve ao fato de o local ser um lar com foco maior na saúde mental e física com equipes especializadas nesse trabalho, proporcionando um ambiente mais acolhedor para os velhinhos. A cuidadora acredita que ainda existe um tabu sobre a palavra "asilo" e que muitos esperam cenas de solidão e abandono quando chegam, mas que esse não é o cenário encontrado.
Francisca concorda com a colega de profissão e compartilha que uma das maiores dificuldades de seu emprego é ver os moradores deprimidos quando chegam aos cuidados da casa de repouso por acreditarem que estão sendo abandonados. Para combater essa situação, ela acredita que os cuidadores precisam ser carinhosos e oferecer para essas pessoas o máximo de amor que puderem receber em seus últimos anos.
"Está faltando as pessoas perceberem que é o finalzinho (da vida) deles. Muitos não têm condição de estar aqui na instituição, então temos que incluí-los em mais coisas. A população precisa ter um reconhecimento de que eles precisam nesta etapa receber mais atenção, mais prioridade e mais paciência", lamenta a cuidadora.
Altruísmo
A vontade de ajudar os membros da terceira idade em sua comunidade fez com que Andréa Maia trocasse de profissão aos 46 anos e hoje faz atendimentos domiciliares para 15 idosos. Hoje, com 51, ela se emociona ao falar sobre seu trabalho. "É importante que as pessoas tenham mais empatia e que se lembrem que a velhice chega para todos. Isso é primordial. Também que as autoridades entendam que as necessidades deles aumentam na medida que eles vão envelhecendo e, com isso, precisam de mais atenção na área da saúde, do transporte e do lazer", diz.
Ela considera que a profissão exige muita responsabilidade. Algumas de suas obrigações envolvem dar alimentação e medicações nos horários de forma correta para não causar broncoaspiração, cuidados na higiene, principalmente nos banhos, atenção para não haver quedas e mudanças de decúbito para não ocasionar lesão por pressão em pacientes acamados.
Vulnerabilidade
O geriatra Jamerson de Carvalho alerta para a necessidade elevada de cuidados com essas pessoas, que ele descreve como vulneráveis. Para isso, ele diz acreditar que o mais recomendável é morar com a própria família, desde que o ambiente seja saudável, mas ele entende que, em muitos casos, a necessidade de atenção é maior — e aí entra o trabalho dos cuidadores.
"O idoso precisa de suporte, sono, dieta adequada, atividade física regular e redução do estresse. Então eles precisam, em primeiro lugar, de uma rede de apoio bem organizada, bem constituída. Em segundo lugar, um estímulo à atividade física, especialmente atividade do tipo resistida, de força. Também uma boa vida familiar, condições dignas de moradia e acesso a serviços públicos", indica o especialista.
Profissionalização
A profissão de cuidador não possui regulamentação legal, de acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Essa atividade pode ser exercida por meio de empresas ou em âmbito residencial, quando será considerado um trabalhador doméstico. Apesar disso, a Secretaria de Saúde do DF (SES/DF) oferece, por meio da Escola de Saúde Pública, cursos de capacitação para que esses profissionais tenham o nível necessário para o trabalho exigido. A carga horária total é de 120h, na modalidade híbrida. Após a finalização do curso, é emitido certificado.
* Estagiários sob supervisão de Patrick Selvatti
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