Aline Gouveia

Com a proximidade das festas de Natal e ano-novo, o comércio deve contratar 110 mil empregados, segundo previsão da Confederação Nacional do Comércio (CNC). É a maior oferta de oportunidades dos últimos anos. No Distrito Federal, a expectativa é que sejam ofertadas 4,3 mil vagas. Saiba quais os direitos desses trabalhadores e confira dicas para turbinar o currículo. - (crédito: Maurenilson Freire/CB/D.A.Press)

int(24)

Com a proximidade do Natal e do ano-novo, a demanda no comércio cresce e as empresas precisam contratar mais pessoas para atender os clientes de maneira adequada. As contratações para o fluxo intenso de final de ano costumam ocorrer por meio de vagas temporárias. Essa modalidade de trabalho consiste na prestação de serviços em um prazo determinado. Para os trabalhadores, essas vagas podem oferecer uma série de benefícios, como uma renda extra ou até mesmo driblar o desemprego.

A coordenadora do Departamento de Economia da Faculdade Santa Marcelina, em São Paulo, Enivalda Alves da Silva Pina, também ressalta que essa época do ano é propícia para se adquirir experiência em diferentes setores e empresas, ampliando as habilidades, além de estabelecer uma rede de contatos profissionais mais ampla, o que pode abrir portas para oportunidades futuras.

Neste ano, o cenário de contratação para trabalhos temporários é bastante promissor: a Confederação Nacional do Comércio (CNC) estima que sejam abertas pelo menos 110 mil vagas no fim do ano no Brasil — maior número da última década. No Distrito Federal, há a previsão de abertura de cerca de 4,3 mil postos.

Segundo a Federação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do DF (Fecomércio), 50,5% dos lojistas têm expectativa de contratar funcionários para atender a demanda do Natal e ano-novo. Na indústria, o recrutamento costuma ocorrer antes das festividades, para a fabricação dos produtos.

Mas as vantagens do trabalho temporário não se aplicam apenas aos trabalhadores, elas também geram otimismo em quem recruta os candidatos. O empresário Leonardo Guimarães comenta que está ansioso para o final do ano. "O momento é símbolo de oportunidades, já que as pessoas entram em clima natalino mais cedo e isso movimenta a economia", afirma.

Efetivação

Segundo a Pesquisa de Contratação de Mão de Obra Temporária do Instituto Fecomércio-DF, 70% dos comerciantes afirmam que existe a possibilidade de efetivação de trabalhadores que entraram ou ainda vão entrar em postos temporários. E é com essa expectativa que Ailane Maria Silva, 30 anos, buscou por vagas de trabalho neste fim de ano. A jovem estava recebendo seguro-desemprego e começou a procurar por oportunidades, até que foi contratada há duas semanas em uma loja de sapatos do JK Shopping, em Taguatinga.

A vendedora tem a esperança de que seja efetivada no final do contrato temporário: "Acho que tudo depende da pessoa, da dedicação. Se não tiver vaga definitiva aqui, pode ser que surja em outro local, é isso que os empregadores passam para a gente, que o trabalho conta como experiência".

Este foi o caso de Gabriel Figueiredo Santos, 27 anos. Ele estava desempregado em novembro de 2021, quando decidiu aproveitar o período de final de ano para conquistar um posto de trabalho. O jovem foi contratado como freelancer em uma loja de roupas e sapatos do Shopping Sul, em Valparaíso.

No início, o objetivo de Gabriel não era ser efetivado, apenas driblar a falta de dinheiro. "Eu só queria arrecadar uma grana em dezembro, e em janeiro eu ia tocar minha vida. Porém, gostei bastante da empresa no decorrer do mês, e então eu mesmo chamei o gerente para conversar e falei que queria uma oportunidade", diz. 

Após demonstrar interesse em continuar na empresa e obter bons resultados como vendedor, Gabriel foi efetivado. Atualmente, prestes a completar dois anos na loja, o jovem foi promovido para o cargo de gerente no Pátio Brasil Shopping.

Direitos trabalhistas

Embora o trabalho seja temporário, os trabalhadores contratados para essas vagas são resguardados por uma série de direitos. Saber quais são eles é importante para assegurar uma relação saudável, e não abusiva, no tempo em que os serviços serão prestados em uma empresa. Pela legislação atual, a duração dessa modalidade trabalhista é de no máximo 270 dias. Entretanto, o mais comum é o acordo durar de dois dias a duas semanas.

O advogado especialista em direito do trabalho, Fernando Kede, explica que os trabalhadores temporários têm os mesmos direitos garantidos aos contratados por prazo indeterminado. "Esses direitos vigoram pelo período contratado. A jornada deve ser de 8 horas, com repouso semanal remunerado, e, em caso de necessidade de horas extras, não devem ultrapassar 2 horas por dia", pontua.

O advogado destaca que esses colaboradores também têm direito a adicional noturno, vale-transporte e vale-alimentação. O mesmo vale para férias e 13º salário, que devem ser pagos de forma proporcional ao período em que a pessoa desempenhou as atividades.

No entanto, o trabalhador temporário não tem direito à multa de 40% de FGTS, ao aviso e ao seguro-desemprego ao final do contrato. Se ocorrer uma dispensa sem justa causa e houver quebra de contrato que anteceda o período estipulado de prestação de serviço, porém, o colaborador poderá ter direito a indenização.

Além disso, Fernando ressalta que o contrato de trabalho deve estabelecer claramente a justificativa do serviço a ser prestado. "Se for uma substituição ou transitoriedade, isso precisa estar descrito no contrato, para que o funcionário conheça exatamente as condições oferecidas", comenta.

Dicas para vaga

A Fecomércio-DF destaca que atitudes como cordialidade, respeito, responsabilidade, higienização do ambiente de trabalho, ética, pontualidade, assiduidade e saber ouvir são as características mais visadas pelas empresas e podem ser diferenciais na contratação para vagas temporárias — e, posteriormente, para uma eventual efetivação.

Nesse sentido, a gerente de operações da consultoria de recursos humanos, Débora Herdeiro, elenca que ser proativo e manter o currículo atualizado também são passos fundamentais para se destacar no processo de recrutamento. 

"O currículo é o cartão de visita dos recrutadores. O candidato deve se atentar a informações básicas como número para contato e e-mail. Além disso, é importante se certificar que as experiências que constam no currículo estão atualizadas e sempre incluir palavras-chave para que o sistema de seleção consiga identificar rapidamente o currículo", explica Débora.

Procurar oportunidades em que já possui alguma experiência também aumenta as chances de ser chamado pelo recrutador. Mas vale lembrar que há vagas temporárias para quem é inexperiente e busca o primeiro emprego ou recolocação em uma nova área. Nesse caso, é importante que o candidato seja honesto e demonstre interesse pela vaga, mesmo que não tenha prática anterior. "Demostrar que está disposto a aprender é fundamental na hora da entrevista. Mostrar que não tem experiência, mas que tem vontade de saber mais transparece maturidade e boa vontade", diz.