Uma mulher transexual, de 21 anos, foi executada a tiros em uma boate de Agudos do Sul, na região metropolitana de Curitiba, na tarde desta quarta-feira (15). A vítima foi identificada como Valentina e trabalhava no local.

Segundo informou o proprietário do estabelecimento à Polícia Militar (PM), duas pessoas armadas entraram na boate por volta das 17h30, se dirigiram até Valentina e a executaram com tiros de pistola e espingarda calibre 12.

O delegado responsável pelo caso afirmou à Banda B que clientes e funcionários que estavam na boate também foram agredidos pela dupla. “Houve disparo de espingarda e um dos tiros atingiu o rosto da vítima. Algumas pessoas que estavam no local também foram agredidas pelos autores”, disse o delegado Paulo César Soares, da Delegacia de Fazenda Rio Grande.

Após o crime, uma ambulância chegou a comparecer no local para prestar atendimento à Valentina, mas ela não resistiu e morreu no local.

Os suspeitos pelo crime fugiram após o episódio e não haviam sido localizados até a publicação desta reportagem. Soares, contudo, alegou que a polícia já possui informações sobre possíveis suspeitos.

“De início, há indicativos de que o crime tenha sido motivado por uma briga anterior. Já temos alguns suspeitos e vamos intimá-los para serem ouvidos”, acrescentou o delegado.

Imagens de câmeras de segurança estão sob análise da Polícia Civil.

O corpo de Valentina será sepultado na manhã desta sexta-feira (17), em Quitandinha.

Outro caso

Um dia antes de Valentina ser assassinada, outra mulher transexual foi morta na região central de Curitiba. Isabely Moreira, de 38 anos, morreu após ter sido atingida por uma facada na região da garganta na terça-feira (14). O crime aconteceu próximo a um bar, e a Polícia Civil suspeita que ela tenha marcado um encontro com o suspeito, que fugiu em seguida.

À Banda B, a mãe de Isabely disse que foi comunicada sobre a morte da filha por uma amiga. “Ela [amiga] só falou: ‘A Isa foi esfaqueada por alguém, dona Elza’. E eu perguntei: ‘Ela está viva?’. A amiga respondeu: ‘Não, dona Elza. Ela está morta’”, disse.

PUBLICIDADE

Mãe e filha conversaram pela última vez horas antes do crime. Segundo ela, Isabely havia se mudado para Curitiba cerca de duas semanas antes.

A Polícia Civil também investiga a morte dela. Até o momento, não há indícios de que os casos tenham relação.

Brasil é o País que mais mata trans

Pelo 14º ano consecutivo, o Brasil liderou o ranking de países que mais registraram mortes de transexuais e travestis em todo o mundo, segundo o Dossiê Assassinatos e Violências contra Travestis e Transexuais Brasileiras da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra).

No ano passado, 131 pessoas que pertencem a esses dois grupos foram assassinadas no País. Além disso, ao menos 20 tiraram a própria vida por causa de episódios relacionados à discriminação e preconceito.

A maioria das vítimas tinha entre 18 e 29 anos e eram mulheres (130) – apenas uma era homem. A pessoa mais jovem assassinada tinha apenas 15 anos. A expectativa de vida de uma pessoa trans no Brasil é de 35 anos.

Referente aos dados de 2022, o Paraná foi oitavo Estado que mais registrou assassinatos de pessoas trans e travestis (6).

 Comunicar erro

PUBLICIDADE