Camilla Germano

(crédito: Reprodução/Instagram @faydabelo e Reprodução/Instagram @kerollenenancy_)

Duas influenciadoras do Rio de Janeiro foram denunciadas por quase mil pessoas no Ministério Público do Estado após postarem um vídeo em que dão de presente uma banana e um macaco de pelúcia para duas crianças negras.

Os vídeos das influenciadoras Kerollen Cunha e Nancy Gonçalves foram postados no TikTok e neles, as duas mulheres ofereciam uma quantia em dinheiro para uma criança ou um presente embrulhado. A criança então decidiam qual dos dois queria. Em um dos vídeos, um menino escolhe o presente ao invés de R$ 10 e ao abrir o pacote, descobre que o presente é uma banana. No segundo vídeo, uma menina também decide escolher o presente, que era um macaco de pelúcia.

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A advogada especialista em direito antidiscriminatório Fayda Belo fez um vídeo na quarta-feira (30/5) em que expõe o caso e denúncia as influenciadoras por Racismo Recreativo. "O nome disso é racismo recreativo. Usar da discriminação contra pessoas negras com intuito de diversão, de descontração, de recreação, agora é crime, anjo", afirmou a advogada. Ao final, ela incentivou que as pessoas denunciassem o caso ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ). 

As críticas se estenderam também a outros vídeos postados por elas nas redes sociais em que muitos internautas criticaram a atitude. 

Apuração do caso

Em nota encaminhada ao Correio, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) informou que até as 18h de quarta-feira (30), tinha recebido 952 comunicações relativas ao episódio das influenciadoras. "2ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada da Capital, que requisitou instauração de inquérito à Decradi e a realização de diversas diligências, no prazo de 30 dias", disse o órgão. 

A reportagem também entrou em contato com a Polícia Federal do Rio de Janeiro (PCRJ) que informou que a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) instaurou procedimento sobre o caso. "Os vídeos serão analisados e diligências estão em andamento para identificar todos os envolvidos e apurar os fatos", informou.

Pronunciamento das influenciadoras

Kerollen e Nancy também se pronunciaram nas redes sociais por meio de assessoria jurídica e negaram que o vídeo tinha objetivo de ofender. 

"A assessoria jurídica reconhece a seriedade e a importância de tratar o assunto com o responsabilidade e diligência. A assessoria jurídica ressalta que as influenciadoras, estão consternadas com as alegações que foram feitas e repudiam veementemente qualquer forma de discriminação racial. Reforçam ainda o compromisso em promover a inclusão, diversidade e igualdade em suas plataformas", diz um trecho da nota. 

"Ressaltam que naquele contexto não havia intenção de fazer qualquer referência a temáticas raciais ou a discriminações de minorias. Nada disso estava em pauta. Sendo assim, gostariam de se dirigir às pessoas que se sentiram diretamente atingidas, para dizer que não tiveram intenção de as ofender individualmente, nem como gênero, etnia, classe ou categoria a que elas pertençam", destaca a Assessoria Jurídica das influenciadoras. 

"Kérollen Cunha e Nancy Gonçalves estão à disposição para dialogar com as partes afetadas, organizações de defesa dos direitos humanos e demais envolvidos", finaliza a nota. 

O Correio procura, pelas redes sociais, as influencers e o advogado de ambas, para um possível pronunciamento sobre as denuncias enviadas ao MP. Em caso de resposta, o texto será atualizado.

Veja a íntegra do pronunciamento: