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Calor é um risco para pessoas com doenças crônicas

Calor é um risco para pessoas com doenças crônicas

Data de Publicação: 20 de dezembro de 2023 09:38:00 Entidades médicas alertam para agravamento de problemas de saúde em razão do calor excessivo. Quando o corpo humano se expõe por longos períodos a altas temperaturas, o organismo pode perder a capacidade de regular o seu resfriamento

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Luis Fellype Rodrigues* 

 

Giulia Luchetta

 

Nove ondas de calor atingiram o Brasil ao longo dos 12 meses de 2023. Este foi considerado o ano mais quente em 125 mil anos, segundo cálculos de pesquisadores europeus do Observatório Copernicus, com dados do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima, organismo internacional.

Estudos da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai) indicam que a exposição prolongada ao calor provoca um aumento de inflamações no corpo humano, afetando, principalmente, crianças, idosos, gestantes. Pessoas com obesidade, dermatite atópica e doenças respiratórias crônicas podem ter esses males agravados. E a situação é ainda pior para quem sofrer de asma e de rinite.

Diego Freitas, 19 anos, tem perdido noites de sono por conta da rinite, que piora quando o tempo fica mais seco. Para tentar resolver o problema diz que toma xarope, mas isso não é suficiente. "O nariz está sempre escorrendo, às vezes muito seco. Eu só consigo dormir por conta do medicamento, pois ele dá sono. Acordo várias vezes na madrugada para aplicar soro no nariz e melhorar a respiração", relata.

"O calor excessivo altera o funcionamento do sistema imune inato. Assim, favorece a ocorrência de infecções", explica o pneumologista Alfredo Santana. "Em períodos de onda de calor, aumentam os casos de bronquite, pneumonia, rinossinusite, e infarto", acrescenta.

 

Nalvaguiar Rodrigues comenta que enfrentar essa onda de calor não tem sido fácil
Nalvaguiar Rodrigues comenta que enfrentar essa onda de calor não tem sido fácil(foto: Arquivo pessoal )

 

Quanto mais alta a temperatura, maior o risco para o sistema circulatório. Para Nalvaguiar Rodrigues, 45, enfrentar as ondas de calor não é fácil por causa da hipertensão. Nesses períodos, é comum ela passar mal. "Tenho sentido bastante cansaço. Costumo vir de casa para o trabalho às 11h. É uma caminhada curta, mas, às vezes, fico muito fraca", relata.

De acordo com a Asbai, quando os termômetros ultrapassam os 36°C, e especialmente os 38°C, ocorre uma redução abrupta na velocidade das reações químicas do corpo humano, que impacta a função de enzimas fundamentais para o metabolismo. Isso resulta na diminuição do processamento de proteínas e açúcares, essenciais para a obtenção de nutrientes e energia.

Santana alerta para cuidados a grupos de saúde específicos. "Pacientes que necessitam de restrição hídrica, como quem tem doenças renais, faz hemodiálise, ou tem coração inchado, por exemplo, devem manter a restrição hídrica e conversar com seu médico."

Quando o corpo humano se expõe prolongadamente ao calor, o organismo pode perder a capacidade de regular o seu resfriamento de forma adequada. "O organismo regula a temperatura corporal principalmente por meio do sistema de suor e vasodilatação. Durante ondas de calor, as glândulas sudoríparas liberam suor, que evapora da pele, dissipando o calor. E os vasos sanguíneos se dilatam para aumentar o fluxo sanguíneo, ajudando a dissipar o calor interno", destaca Stênio Ponte, médico otorrinolaringologista.

*Estagiário sob a supervisão de Manuel Martínez

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