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Banana vira ganha-pão para produtores rurais do Distrito Federal

Banana vira ganha-pão para produtores rurais do Distrito Federal

Data de Publicação: 16 de julho de 2023 23:08:00 Seu aproveitamento pode ser feito de forma integral: fruta, folhas, caule e "coração". É base também para peças de artesanato que são vendidos fora do DF, no Rio e em São Paulo

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Laezia Bezerra

 

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 Artesanato feito da fibra da banana é vendido por até R$ 250
 -  (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)

Artesanato feito da fibra da banana é vendido por até R$ 250 - (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)

Abundante na agricultura do Distrito Federal, a bananeira é uma planta que pode ser aproveitada integralmente (fruta, folhas, tronco e "coração"). Todas essas partes podem ser usadas na produção de alimentos para humanos e animais, assim como para a produção de remédios veterinários naturais e sua fibra no artesanato. Além de ser rica em amido, vitaminas e nutrientes é excelente fonte de renda.

De acordo com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF), a área de cultivo da banana no DF, só perde para o plantio da goiaba. Em 2022, foram produzidas 5.643,63 toneladas da fruta em 276,25 hectares de terras em áreas rurais ocupadas por 835 produtores.

O aproveitamento mais comum é o da fruta, que pode ser consumida crua, assada, frita, desidratada, em farinha, em purê, em doces, bolos, sorvetes e até como bife feito com a casca da banana. Mas a bananeira tem mais usos possíveis do que a exploração apenas da banana. Além da variedade enorme de pratos, é usada na produção de adubo, e sua fibra na produção de itens artesanais.

"A bananeira é uma planta incrível e pode ser aproveitada por completo. Por ser versátil, cria alternativas para uma alimentação diversificada, agrega valor com a possibilidade da fabricação de vários produtos e isso pode ser uma oportunidade de melhoria de renda e qualidade de vida para as pessoas, principalmente para a produção na agricultura familiar", ressalta a extensionista da Emater-DF Selma Tavares.

Suas folhas grandes, antiaderentes e impermeáveis são utilizadas na culinária como embrulho para cozinhar ou assar. Um exemplo está na culinária de Minas Gerais com a "Cubu", uma broinha assada na folha da bananeira e no cozimento do abará na Bahia. Serve também como decoração em arranjos, vasos e como forro de mesas, pratos e ornamentação, na alimentação de animais e nas compostagens. "Seu "umbigo" ou pendão que fica na parte inferior à penca de bananas, também conhecido como "coração", pode ser utilizado em refogados, farofas, tortas, guisados e de forma caseira, as pessoas usam no preparo de xarope", destaca Selma Tavares.

Outra parte importante da bananeira é o pseudocaule, de onde podem ser extraídas cinco tipos de fibras diferentes do tronco, uma matéria-prima bastante versátil e que tem gerado renda e qualidade de vida para mulheres rurais com a produção de artesanato. "Por ter fibras de variados tipos de maciez, são usadas no artesanato em forma de trançados, cestarias, bolsas, pufes, papel artesanal, tapete e outros itens", destaca.

Artesanato

Desde de 2020, por meio da Emater-DF, um grupo de mulheres que moram no assentamento Pequeno William, em Planaltina, está sendo capacitado para produzir artesanato com a fibra da bananeira. No curso, as artesãs aprenderam a manipular e colher o pseudocaule, retirar e identificar as diferentes fibras, fazer trançados, tingir e confeccionar peças usando também outros recursos naturais.

Valdira Sena dos Santos, 38 anos, moradora do assentamento desde 2011, descobriu na bananeira uma fonte de renda para ajudar no sustento de sua família. Ao lado de outras moradoras da região, ela produz diversos tipos de artesanato com a fibra doada pela Emater. As peças variam de preço, entre R$ 5 e R$ 250. São vendidas em feiras populares, exposições e já foram levadas até para outros estados, como Rio de Janeiro e São Paulo.

"Nossa produção ainda é pequena, não temos matéria-prima, tudo que produzimos é com a fibra doada pela Emater e outros parceiros. Aprendemos a fazer artesanato e multiplicamos isso para outras mulheres. Queremos formar uma grande rede de artesãs na região, fortalecer nossa história no assentamento. O dinheiro arrecadado com as peças ajuda muito no sustento de nossas famílias. Além disso, criar cada objeto é uma terapia", destaca.

Sylvaneide Pereira dos Santos, 29, conta que a bananeira possibilitou a ela e ao grupo de mulheres, conhecimento, aprendizado e uma fonte de renda para ajudar nas despesas. "A bananeira nos ensinou uma atividade importante, o artesanato que é confeccionado de maneira sustentável, sem causar prejuízo algum ao meio ambiente", conta.

Produção

Para o produtor rural Rogério Antônio da Silva, 48, morador há 25 anos do Núcleo Rural Taquara, em Planaltina, a bananeira além de oferecer diversas possibilidades e ser fonte de renda, produz um fruto popular e indispensável na mesa da maioria das pessoas. O agricultor vive no local com a esposa e dois filhos. Antes de plantar bananeira, ele cultivava eucalipto, mas enxergou na banana, uma excelente oportunidade de empreendimento.

Em sete hectares de terra, ele iniciou, há seis anos, uma plantação de bananas, que cultiva em parceria e sociedade com os três irmãos, e que atualmente rende 2 mil caixas por mês do produto, com uma renda anual de R$ 180 mil. Além da fruta, a família de Rogério comercializa também mudas de bananeira. Somente em 2022, o faturamento foi de R$ 110 mil com os brotos.

Segundo o agricultor, as bananas produzidas pelos irmãos são vendidas na feira de Planaltina, para clientes fidelizados, e há períodos em que a produção é insuficiente para atender toda a clientela, mesmo com uma plantação tão vasta. "É uma banana diferenciada, saborosa, muito doce e um dos produtos mais procurados da região. Às vezes, a demanda é tão intensa que não consigo atender", conta.

Rogério explica que o cultivo em suas terras é feito de forma muito consciente, responsável e com muito amor pelas bananeiras, com nutrição, correção do solo, irrigação, adubação e pulverização feita com drone, trabalho que ele realiza diariamente com os irmãos. Ele destaca, ainda, que para colher um cacho de banana no ponto de consumo, é necessário aguardar um período de 10 a 12 meses e pode ser vendido por cerca de R$ 50 chegando a R$ 100, dependendo do tamanho.

"São diversas as possibilidades que a banana nos proporciona. É um negócio prazeroso, um privilégio esse tipo de plantação. Além de tirar meu sustento e da minha família, sinto satisfação em produzir um alimento tão especial, como a banana", destaca Rogério Antônio.

 

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