Adoção comunitária garante bem-estar de pets de rua
Data de Publicação: 11 de setembro de 2023 07:27:00 Com união e solidariedade, é possível criar um ambiente mais seguro e acolhedor para os animais de rua. Apesar de não terem uma família tradicional, eles encontram nas comunidades o carinho e a proteção que merecem
Iza Carvalho*
postado em 10/09/2023 08:30 / atualizado em 10/09/2023 13:31
Na vida agitada das cidades, onde o vai e vem de pessoas é constante, é comum encontrarmos bichinhos que, apesar de não possuírem um tutor único, estabelecem laços de dependência e afeto com a comunidade em que vivem. São os chamados animais comunitários, aqueles cães e gatos que encontram refúgio em praças, terminais de ônibus, campus universitário e outros espaços urbanos, cativando o coração de todos que os conhecem.
De acordo com o Projeto de Lei nº 275/23 que regulamenta a permanência de animais comunitários em locais públicos e em condomínios fechados, o termo animal comunitário é aplicado a esses peludinhos que, embora não tenham um guardião exclusivo, conquistam um lugar especial no seio das comunidades que os acolhem.
A cada nome atribuído a eles, como Neguinho, Paçoca, Moleque, e tantos outros, a conexão entre humanos e animais se fortalece, tornando esses bichinhos parte integrante da rotina local. Esses companheiros de quatro patas têm seus lugares favoritos para dormir e hábitos tão rotineiros quanto os dos moradores locais. Muitos escolhem se acomodar sob bancos de praças ou dentro das cabines de segurança, chegando até a se juntar às rondas noturnas dos vigilantes.
A generosidade dos comerciantes e residentes que oferecem alimento e carinho é uma prova do amor mútuo compartilhado. Tais animais se integram harmoniosamente à vida urbana, e alguns se tornam verdadeiras celebridades locais.
No entanto, apesar da aceitação da comunidade, a vida nas ruas não é isenta de perigos, pois esse bichinhos correm o risco de acidentes, envenenamento e maus-tratos. Para assegurar o bem-estar desses animais, os protetores garantem ser essencial que o poder público assuma a responsabilidade de garantir o controle reprodutivo e sanitário, por meio da castração, vacinação e vermifugação. A identificação individual, seja por meio de coleiras e plaquetas, seja, preferencialmente, por microchip, também é uma medida de proteção.
A mensagem transmitida por essa iniciativa é clara: todos os animais merecem amor e respeito, independentemente de terem um lar convencional ou não.
Gatos no campus
Larissa Salgado, 24 anos, estudante de gestão ambiental da Universidade de Brasília (UnB), campus de Planaltina, ao lado de Renata Ribeiro, 38, agrônoma que atua no laboratório de biologia da instituição, têm desenhado o projeto Fupelinos (@fupelinos.unb) com o propósito de auxiliar os gatos que encontram sua morada nos domínios universitários.
O embrião desse projeto começou a tomar forma pouco antes da eclosão da pandemia da covid-19. Inicialmente, o foco estava em realizar mutirão de castração e implementar comedouros e bebedouros pelo campus. Contudo, com a chegada inesperada da crise sanitária, os esforços foram momentaneamente interrompidos. "Renata, que tem estado na linha de frente, ao meu lado, durante esse período, assumiu a responsabilidade de manter a chama acesa, provendo alimento e cuidado aos felinos durante o isolamento social", diz Larissa.
O ano de 2022 trouxe um novo capítulo para o projeto, com a volta das aulas presenciais. Foi nesse contexto que as bases foram reforçadas, e o projeto ganhou uma nova dimensão. "O campus, que por muito tempo contou com a presença marcante de vários gatos, levou-nos a compreender a necessidade de estabelecer uma estrutura ainda mais sólida e abrangente, indo além da castração e do fornecimento de alimentos."
Larissa explica que, com o projeto, a população de gatos foi reduzida, devido ao aumento das adoções. "Antes, a população de gatos na UnB excedia 25 felinos. Graças aos nossos esforços, agora cuidamos de 15 gatos adultos e três adoráveis filhotes, que vieram ao mundo recentemente."
Foi elaborada uma tabela detalhada dos gatinhos, incluindo nomes e características individuais, agregando, assim, organização ao projeto. A alimentação passou por aprimoramentos: agora é realizada duas vezes ao dia, para evitar desperdício e acúmulo de formigas. Além disso, as parceiras montaram uma loja temática, vendendo itens com tema de gatinho para arrecadar fundos.
A estudante também ressalta que iniciativas de educação ambiental estão em andamento, com palestras, cartazes e redes sociais, buscando ampliar perspectivas. "A castração abrange a maioria dos gatos, mas os mais ariscos são exceção. Um mutirão de vacinação V5 foi realizado recentemente, porém, a manutenção constante é um desafio, devido à falta de recursos e à relutância dos felinos", afirma Larissa.
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