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Niágara e Rafael levam o pet para passear todos os dias e aproveitam para contemplar as paineiras - (crédito: Fotos: Ed Alves CB/DA Press)
Entre o verde dos parques e o cinza das avenidas, uma árvore rompe a paisagem e apresenta tons rosados: é a paineira, popularmente conhecida como barriguda. A espécie é um cartão-postal marcante em locais como a QI 13 do Lago sul, quadras 107/108 Sul e 111/112 Norte. Nativa do Brasil, ela encanta pela beleza, pela imponência e pelo papel ecológico.
O período de floração da espécie varia de acordo com cada região, mas, geralmente tem início em dezembro e se estende até abril ou maio. No Distrito Federal, ocorre entre março e maio, transformando o cotidiano dos brasilienses com flores que caem como chuva no chão.
Para além da beleza da floração, a paineira pode alcançar de 15 a 30 metros de altura, com um tronco que varia de 80 a 120 centímetros de diâmetro, razão de ser chamada de barriguda. Quando o fruto amadurece, libera sementes envolvidas pela paina — uma fibra leve e branca usada como enchimento para travesseiros e boias. É esse material que deu nome à árvore e fascina quem passa por baixo de sua copa.
Silvia Seabra de Carvalho, advogada, 48 anos, é uma das moradoras do Lago Sul que aprecia esse visual, diariamente, durante a caminhada. "Elas contribuem muito para a estética da nossa cidade. A barriguda deixa os parques mais belos, oferece sombra e nos dá um refresco. É um lugar bonito e agradável. Gosto muito de caminhar com meus pais e também de passear com meus cachorros aqui pois nos traz paz", disse ao Correio.
Cerrado
A paineira pertence à mesma família do baobá africano e das barrigudas do Nordeste. Espécie típica de florestas secas, ela está adaptada às variações do clima e do tempo do Cerrado. Além disso, é resistente e pode viver até 100 anos. No DF, sua presença tem aumentado, e a manutenção requer atenção técnica especializada.
O biólogo e doutor em botânica Marcelo Kuhlmann explica que a paineira rosa, ou Ceiba speciosa, é muito utilizada na arborização urbana pela floração exuberante, adaptação e rápido crescimento. "É uma planta decídua, que perde todas as folhas durante a floração e frutificação, e ocorre naturalmente em todos os biomas brasileiros. Suas flores grandes atraem polinizadores como abelhas, beija-flores e morcegos", detalha o especialista.
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Marcelo também destaca o papel ecológico da árvore: "Na estação seca, os frutos se abrem e liberam sementes envoltas em paina, o que favorece a dispersão pelo vento. A alta taxa de germinação faz dela uma espécie ideal tanto para o paisagismo urbano quanto para projetos de restauração florestal".
O especialista acrescenta que fatores como temperatura, umidade e luminosidade influenciam diretamente o comportamento das espécies. "É preciso um monitoramento contínuo ao longo dos anos para verificar como as mudanças climáticas podem estar alterando os ciclos naturais da planta, como os períodos de floração e frutificação", completa.
Plantio
O casal Niágara Tavares, 30, designer de moda, e Rafael Magalhães, 30, desenvolvedor de sistemas, leva o cachorro Ozzy para passear todos os dias pelas vias da 111/112 Sul e aproveita para contemplar a barriguda. "Ela embeleza muito a nossa cidade. É a primeira vez que vejo ela florir assim. Conheço desde pequena por andar aqui e ver os espinhos. É muito bonita", relembra Niagara. "Não sabia que floria desse jeito. Com esse céu azul de Brasília, fica perfeita", emenda Rafael.
Os admiradores da árvore, com certeza, irão celebrar novos plantios. Na última edição do programa anual de arborização, foram plantadas 70 barrigudas. As mudas para o próximo programa estão em fase de produção. "A escolha do local para o plantio leva em conta as características da espécie, que possui raízes grandes e requer solo permeável para evitar danos a calçadas e infraestruturas", explica a companhia, sem detalhar o número de mudas que serão cultivadas.
Além da paineira rosa, outras espécies floridas contribuem para as paisagens do DF entre março e abril — quaresmeira rosa e roxa (Tibouchina granulosa), bauínia ou pata-de-vaca (Bauhinia variegata e Bauhinia blakeana), chichá (Sterculia striata) e lofantera (Lophantera lactescens).
De acordo com a Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap), a meta total de plantio para o programa anual de arborização de 2025/2026 é de 200 mil mudas. A empresa cultiva 100 mil mudas de espécies diversas, em média, anualmente.
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Por Davi Cruz*
postado em 07/05/2025 05:00