Pedro Ibarra
postado em 23/11/2024 19:31 / atualizado em 23/11/2024 19:46
Saída dos vestibulandos de 2024 do Pavilhão João Calmon, na Ala norte da UnB - (crédito: Pedro Ibarra/CB/D.A. Press)
Chegou ao fim o primeiro dia do Vestibular da Universidade de Brasília (UnB) 2025 e a discussão do lado de fora dos locais de prova era a inteligência artificial. Isso porque, a maioria das questões do exame deste sábado (23/11) eram permeadas de alguma forma pelo tema.
Os alunos responderam itens de linguagens e códigos, ciências humanas e ainda escreveram a redação no primeiro dia de prova. Ao sair do local, era possível ouvir reclamações sobre o fato de que toda a prova seguia a mesma temática. “Foi tudo sobre IA”, pontuou Arthur Henrique, estudante de 18 anos que tenta uma vaga no curso de Engenharia Civil. “Era uma prova muito repetitiva”, comenta.
Apesar da crítica, Arthur pontua que leitura da prova foi bem intercalada. “Metade foram textos bem longos que continham muitos itens, mas a outra metade era enunciados de apenas duas linhas, então deu para fazer bem e ainda sobrar tempo para revisar”, conta.
Uma das apostas dos alunos que saiam do local é que a prova foi pensada para testar as habilidades interpretativas dos vestibulandos. “Não imaginava que a prova toda teria um único tema”, conta o estudante Igor de Souza Pontes, 17, que disputa uma vaga no curso de psicologia. “Se você tinha estudado Era Vargas, ainda assim precisava relacionar o assunto de alguma forma com inteligência artificial, isso dificultou muito”, reflete.
Redação com entrevista de Noah Chomsky
A IA também não ficou de fora de nenhuma parte da prova. O tema da redação era um texto dissertativo-argumentativo com um posicionamento sobre o seguinte trecho de uma entrevista de Noah Chomsky ao jornal português Público: “A IA, tal como é entendida atualmente, é um projeto corporativo que visa reunir conteúdos para serem usados por sistemas de simulação em grande escala. De que vale compreender o que quer que seja quando se pode analisar um sem fim de dados e prever o que vai acontecer? Este é o mais radical ataque ao pensamento crítico, à inteligência crítica e particularmente à ciência que eu alguma vez vi”.
O tema não foi tão bem recebido pelos alunos. “Não entendi direito a frase que norteava a redação. Essa história da inteligência artificial complicou muito toda a prova”, reclama Luma Alcântara Lemos, de 17 anos que tenta uma vaga em arquitetura.