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Mundo encara fogo na América do Sul, cheias na Europa e tufão na Ásia

Mundo encara fogo na América do Sul, cheias na Europa e tufão na Ásia

Data de Publicação: 22 de setembro de 2024 08:39:00 Além dos incêndios no Brasil, Europa, Ásia e África enfrentam enchentes e tufões causados pelas condições climáticas extremas Giovanna Pécora

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Além dos incêndios no Brasil, Europa, Ásia e África enfrentam enchentes e tufões causados pelas condições climáticas extremas

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Reprodução/ICMbio

Fogo e uma árvore

Incêndios, secas e fumaça estão atingindo o Brasil nas últimas semanas, mas os fenômenos adversos não se limitam ao país. Em um cenário global de crise climática, a América do Sul continua a enfrentar incêndios devastadores, enquanto enchentes na Europa resultaram na morte de mais de 20 pessoas. Parte da Ásia, incluindo a China, sofreu com um tufão que deixou mais de 100 mortos, e no Sudão, na África, enchentes também afetaram a vida de muitas pessoas.

 

 

Esses eventos evidenciam a gravidade das mudanças climáticas que impactam diversas regiões do mundo.

A fumaça proveniente dos incêndios que devastam o Brasil está afetando especialmente cidades como Porto Velho, Manaus, São Paulo, Campo Grande, Goiânia e o Distrito Federal. Desde o início de setembro, a população dessas regiões tem vivido sob nuvens carregadas de fumaça, o que tem gerado preocupação e impactos na saúde e na qualidade do ar.

 

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Fogo destruiu cerca de 30 hectares

Ao todo, 48 municípios seguem em alerta máximo para queimadas

Dados do Copernicus, programa de observação da Terra da União Europeia, apontam que o Sudoeste da Amazônia foi a região com as maiores emissões de gases de efeito estufa no planeta, nos últimos cinco anos. Alguns dos incêndios estão sendo investigados pela Polícia Federal como criminosos.

De acordo com o biólogo Yuri de Souza, morador de Manaus, Amazonas, a fumaça proveniente dos incêndios nas florestas da Amazônia tem comprometido a visibilidade e a qualidade do ar, resultando em sérios problemas respiratórios para a população.

 

 

“A visibilidade já fica prejudicada logo de cara, é uma neblina de fumaça que faz o horizonte sumir, e ainda tem o problema da qualidade do ar, para pessoas, como eu, que tem problemas respiratórios como sinusite, é mais difícil respirar sem ter crises de tosse intensa constantemente”, relatou.

Yuri também conta que regiões do interior como Manacupuru, Autazes, Careiro, Apuí, Novo Aripuanã, Lábrea estão sendo prejudicadas por estarem mais próximas a “mata virgem ou grandes terrenos”.

 

“Temo que a floresta não sobreviva, contar com atos governamentais que irão repreender e inibir grandes empresas do agronegócio é uma visão otimista, porém não muito real. Temo pelas mudanças climáticas que irão surgir pela ausência da floresta, para nós, do Norte, e para o resto do próprio país que depende dos ‘rios voadores’ produzidos pela floresta, garantindo chuva para diversos estados. [Temo] pelas dificuldades, falta de alimento, crises emergenciais nos municípios e pela perda grave da imensa biodiversidade que há aqui”, declarou o biólogo.

A fumaça segue levantando preocupações sobre a qualidade do ar e a saúde pública em várias regiões. Cidades como São Paulo e Rio de Janeiro chegaram a emitir alertas sobre “condições perigosas do ar”. A fumaça já atingiu partes da Argentina, da Bolívia, do Brasil e do Paraguai.

O meteorologista e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Wanderson Luiz Silva, explicou que “o final do inverno e início da primavera é a época mais crítica para incêndios na porção central do Brasil. Isso porque essa região vem de várias semanas e até meses sem qualquer precipitação. Logo, qualquer ignição antropogênica pode causar grandes impactos”.

” A esperança é que o desenvolvimento da La Niña em meados da primavera comece a trazer mais chuva de volta para esta região. As chuvas tendem naturalmente a retornar a partir de outubro, novembro, mas esses sistemas podem, sim, modulá-los”, relata o meteorologista.

 

“Novo normal”: enchentes, tufão e incêndios

As enchentes provocadas pela tempestade Boris, que desencadeou uma série de chuvas torrenciais na Europa Central e Oriental, já resultaram em mais de 20 mortes neste mês. A região tem sido atingida por fortes ventos e chuvas, com algumas áreas da Tchéquia e da Polônia enfrentando a pior enchente em quase três décadas.

Além da Europa, o Sudão, na África, enfrentou fortes enchentes no mês passado, que resultaram no rompimento de uma barragem e na destruição de mais de 12 mil casas em 10 províncias do país, afetando mais de 30 mil famílias.

 

Portugal também sofre com uma onda de incêndios que começou no último fim de semana e levou o governo a declarar um alerta de incêndio. As chamas queimaram em três dias a mesma quantidade de área que havia sido queimada nos três meses anteriores.

 

 

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Centro da cidade danificado após inundações causadas por chuvas torrenciais em Jesenik, República Tcheca

Vista de casas danificadas, após inundações, na República Tcheca

Inundação do Elba flui ao longo da ponte Carola parcialmente desabada, na Saxônia

Uma cesta de basquete fica nas águas da enchente do Elba. Os níveis da água continuam a subir na Saxônia

Ponte desabou parcialmente depois que um guindaste caiu sobre ela, na Áustria

Segundo a meteorologista da Climatempo Andrea Ramos, existem dois pontos relacionados às mudanças climáticas que estão afetando os países: “O aumento gradual da temperatura média do mundo, que se dá pela questão dos gases de efeito estufa, e o aumento da frequência e intensidade desses eventos climáticos”.

Uma dessas condições é o tufão e suas consequências climáticas, que deixaram um rastro de destruição. No Vietnã, o país mais afetado pelo tufão Yagi, inundações e deslizamentos de terra na última semana, provocados pelo fenômeno, resultaram em mais de 100 mortes.

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“Eu diria que é um ‘novo normal’ que estamos vivendo no mundo agora, uma vez que esses extremos ocorrem de forma constante. Esses eventos que acontecem lá [nos outros países] também estão ocorrendo no Brasil, também em função desse anticiclone que persiste desde abril e mantém as características que estamos observando”, explica a meteorologista.

Andrea também relata que, no inverno, é normal haver incidência de incêndios, mas que “este ano se tornou atípico”, com muito mais incêndios do que o esperado para a estação. “Estamos vivenciando a influência de fenômenos climáticos como El Niño e La Niña, que afetam os sistemas das estações do ano.”

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